quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Dia de finados: luto

Hoje o dia não amanheceu gris; amanheceu anil, não naquele tom que nos convida a sair de casa feliz e contente, mas anil - isso é que importa. Esse azul deve significar alguma coisa, deve trazer algo, não sei o que ele significa neste dia. Sei que é dia de finados e a dor que sinto é de um luto.
Nunca perdi alguém especial assim, mas deve ser o luto isso: o vazio, a saudade, a lembrança. Sentimentos que indicam-me que sempre vão estar presentes aqui, em mim. É uma ferida aberta, não fecha, não cicatriza. Temos de lidar com ela, aceitá-la, conviver com ela da melhor forma possível. Talvez o luto seja isso: uma ferida aberta que temos de fingir que não existe para continuar a viver; sorrir mesmo que o mundo lhe diga não. A dor acaba sendo minimizada pelo Amor que fica, se não fosse Este eu não seria, eu não suportaria. Há ainda Amor.
É dia de finados. Vivo meu luto. Luto. Não adianta depósito de flores, acender de velas; o que foi deixado de ser dito, foi deixado de ser dito; e não adianta tentar dizer se já não há mais ouvidos que possam ouvir. Pedir perdão é difícil. Perdoar, pelo jeito, é muito mais difícil ainda. São tempos de finados.
São tempos de lutos.
É dia de finados. Luto.

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